sábado, 13 de novembro de 2010

Crítica do IGN sobre "Relíquias da Morte - Parte 1"



Então o fim da jornada está aqui. Bem, praticamente pelas mesmas razões do quarto episódio da Saga Crepúsculo e das adaptações de Hobbit, Harry Potter e as Relíquias da Morte foi dividido em duas partes, Parte 1 estreiando neste Natal e Parte 2 concluindo a saga no próximo verão.

Os realizadores afirmam que a decisão foi tomada para fazer justiça a tomada final de J.K. Rowling e enquanto isso ela permite que o público passe mais tempo com esses personagens queridos neste momento mais significativo, não podendo escapar do sentimento de que a Parte 1 está toda feita e sem nenhuma dívida, resultando em uma experiência cinematográfica vazia.

O diretor David Yates - em seu terceiro Potter - revela claramente que está aproveitando o tempo de execução do filme para preparar o terreno para o grande final da história.

Ele constrói um sentimento opressivo de melancolia desde o início, com Harry, Rony e Hermione se preparando para sair de casa, talvez pela última vez. Em uma cena particularmente tocante, apenas mencionada no livro, Hermione remove todas as lembranças que seus pais tinham de sua única filha para protegê-los da inevitável guerra à espreita.

A tensão é aliviada momentaneamente em uma seqyência divertida que gira em torno de vários Harrys aparecendo na tela, mas partir daí tudo se transforma diretamente em drama, nossos heróis embarcam em uma perseguição dramática através do céu noturno com os Comensais da Morte.

Eles fazem uma fuga perigosa e ousada, mas com consequências devastadoras para todos os envolvidos, e é neste ponto que o enredo engata.

Os Ministros da Magia Rufo Scrimgeour visita o trio para entregar os legados finais de Alvo Dumbledore. Ron recebe um Desiluminador, Hermione recebe um exemplar de Os Contos de Beetle, o Bardo, e Harry o pomo que ele capturou em sua primeira partida de Quadribol, além da espada de Gryffindor (aparentemente perdida).

Presentes estranhos que trazem mais perguntas do que respostas deixam os três heróis confusos quanto ao seu significado. No entanto, antes de o trio ter a oportunidade de montar o enigma final de Dumbledore, eles são novamente obrigados a pegar a estrada, desta vez, isolados e completamente sozinhos.

Com a rede fechando, Voldemort começa a implementar sua última solução, tendo o controle de Hogwarts e do Ministério da Magia e limpando os "indesejáveis" da raça dos trouxas.

Introduzindo a "reforma educacional" e um programa de "avaliação" - o lema é "Você não tem nada a temer, se você não tem nada a esconder" - ele usa o assassinato e a opressão para começar a criação da sociedade perfeita de sangue puro.

Sem lugar pra se esconder, as tensões entre os nossos três heróis aumentam, permitindo que Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson entreguem o melhor desempenho da franquia até agora. Como Harry descobre a dolorosa verdade sobre o passado de Dumbledore, ele sofre uma espécie de crise de fé, enquanto a crescente relação entre Ron e Hermione faz sua amizade de três vias se tornar cada vez mais dividida.

A presença de uma Horcrux não resolve nenhum problema, uma da veias onde o Senhor das Trevas manteve um pedaço de sua alma. Não é possível quebrá-la e os três precisam carregar o objeto amaldiçoado com eles, e a Horcrux que intensifica as emoções negativas faz com que a amizade dos três vá a um ponto de ruptura.

Infelizmente, neste capítulo o ritmo ficou um pouco mais lento por a trama ser mais complexa e por os produtores terem enfrentado um grande desafio em adaptar tal trama. Esforçando-se para tentar decifrar quais são as Horcruxes e o que são as Relíquias da Morte, o trio anda de lá pra cá, sem saber a razão ou sem ter uma direção.

E se os nossos protagonistas não têm certeza do que estão fazendo, é difícil para os expectadores envolverem-se, ou pior importarem-se, criando um “meio de campo” tedioso para os espectadores.

A aparência de Xenofílio Lovegood - o pai de Luna e editor do jornal subversivo “O Pasquim” - melhora a continuidade, enquanto uma cena em que Harry e Hermione dançam juntos é tocante e pungente.

Mas elas são imprensadas por longas cenas explicativas que tentam explicar a trama confusa e complicada.

Os acontecimentos encaminham-se para um final na Mansão Malfoy, e acabam como um final melancólico à la “O Império Contra-Ataca”. Apesar de [nos filmes anteriores] ser bem claro onde as forças do mal e as do bem estavam, neste [Relíquias da Morte] é mais nebuloso, o que acaba por tornar o final um pouco frustrante.

Tudo aparenta ser deslumbrante, com as roupagens e o design de produção falando a mesma “língua”, lembrando muito a Berlim (Alemanha) dos anos 1930, com um Ministério da Magia também inspirado na mesma, mostrando claramente a “supremacia” dos bruxos sobre os trouxas.

A perseguição em uma floresta durante o filme é uma das cenas que mais se destacam em toda a franquia, enquanto o conto das Relíquias da Morte é contato em, embora simples, mas deslumbrante, animação.

A atuação está, uniformemente, excelente, com Jason Isaacs (Lúcio Malfoy) se destacando dentre todos, uma sombra dele mesmo, após sair da prisão de Azkaban. Bill Nighy (Rufo Scrimgeur) e Rhys Ifans (Xenofílio Lovegood) trazem um maravilhoso senso de “rebeldia” em suas atuações.

De fato, a única perda de atuação que temos no filme é a falta de Alan Rickman (Severo Snape), o qual aparece apenas numa cena prolongada logo no início do filme.

Felizmente, ele volta com tudo na “Parte 2”, a qual teremos de esperar longos oito meses para vermos. Por ora temos uma atmosfera neste filme de Harry Potter que consegue elevar a participação de todos os envolvidos para que esse esforço - acima de todos os outros - realmente se concretize em passar a sensação de que a questão agora é de vida ou morte.

O filme, no entanto, sofre de uma falta de foco, a trama “enrolada” que corre durante o meio do filme faz você sentir o esforço em explicar a nebulosa trama, o que pode frustrar as sensações do espectador.

Esta frustração, combinada com a falta de qualquer desfecho real, entretém a pessoa, mesmo que não haja uma história satisfatória.

Então, por enquanto Relíquias da Morte está longe de ser um filme de Harry Potter ruim, o sentimento predominante é que é “incompleto”. [O autor] está esperando que Yates e sua equipe corrijam isso no próximo verão.

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